Conheça as stablecoins, criptomoedas que seguem as cotações de outros ativos
03/12/2021 09:49 em Economia

As criptomoedas se tornaram uma opção de investimento e, em geral, os preços delas são definidos principalmente pela demanda dos investidores. Mas nem todas têm essa lógica de funcionamento. Em alguns casos, a variação nos preços segue outro ativo, como o dólar ou o ouro.

Quando isso ocorre, há a chamada stablecoin, ou moeda estável, em tradução livre. Uma opção de investimento mais recente que as criptomoedas padrões, como o bitcoin, ela se tornaram populares principalmente por serem consideradas menos voláteis.

Isso não significa, porém, que uma stablecoin sempre será mais segura que outros tipos de investimento. Especialistas afirmam que é importante ficar atento a algumas características e de quem vai oferecê-la antes de realizar qualquer aplicação.

Definindo uma stablecoin

Mayra Siqueira, gerente-geral no Brasil da exchange Binance, afirma que as stablecoins são criptomoedas “pareadas a alguma coisa que já tenha um valor próprio”. O ativo mais comum que é pareado a elas é o dólar, formando o chamado dólar digital, mas é possível também atrelá-las ao ouro, por exemplo, ou a ações de uma empresa.

A ideia é que essa stablecoin siga as cotações do ativo a que ela está pareada. Se o dólar está a R$ 5,60, por exemplo, uma stablecoin de dólar terá o mesmo valor.

Bruno Milanello, executivo de novos negócios da exchange Mercado Bitcoin, diz que pode ocorrer de a criptomoeda ser um pouco mais cara, ou mais barata, em geral quando ainda não houve uma correção de preços via oferta e demanda.

Entretanto, isso não costuma levar muito tempo para ocorrer, e com isso a stablecoin vai seguindo o preço —e variações— do ativo. “Ela chama stable [estável, em português] porque não deve variar frente ao próprio dólar, 1 stablecoin vale sempre US$ 1”, afirma Milanello.

Como surgiram as stablecoins?

A origem das stablecoins está ligada a um processo de popularização das criptomoedas tradicionais, principalmente o bitcoin e o ethereum. Antes, era comum que as compras ficassem restritas ao país em que o investidor vivia, na moeda local, mas o investimento se espalhou, e faltava um meio simples e mais barato de converter uma moeda na outra para realizar a compra.

“Aí surgem as stablecoins, como uma moeda para facilitar a negociação dos criptoativos. Por isso que elas nascem com o dólar, a mais usada”, diz Milanello. A paridade, no caso, é garantida porque a empresa que oferece a stablecoin possui uma determinada quantidade do ativo que está sendo pareado.

Se for o dólar, ela precisa ter uma quantia em dólar em uma conta segregada. O mesmo vale para o ouro ou para ativos como ações. A mais famosa stablecoin ligada à moeda norte-americana é a USDC, que passou a ser aceita pela Visa em março deste ano.

Atualmente, Milanello afirma que as stablecoins se tornaram uma forma de investimento para além de um método que facilitava negociar criptomoedas. “Você tem algumas classes de ativos já consagradas, e quando traz isso para o mundo de criptomoedas, podendo replicar, é algo positivo”, diz.

Quais as vantagens?

Para Siqueira, a vantagem de investir em uma stablecoin é a praticidade. “As ações, por exemplo, envolvem todo um arcabouço regulatório. Ou, então, não precisa ter uma quantidade de ouro físico ou de dólar guardada.”

Milanello pontua que outra vantagem das stablecoins é que elas “são iguais em qualquer lugar do mundo. Ela fica guardado na carteira e pode ser acessada em qualquer lugar e ser negociada”.

Siqueira afirma que o conceito de funcionamento da stablecoin é parecido em certa medida com os de ações, e mais fácil de entender do que bitcoin ou ethereum, o que tem ajudado na adesão dos investidores.

“É um ativo para quem tem um pouco de medo do mundo das criptomoedas. Ainda é uma criptomoeda, mas tem menos volatilidade. Bitcoin é emoção. Stablecoin varia bem menos, a pessoa consegue se planejar melhor. Para quem tem um perfil mais conservador, é mais recomendado”, diz.

Quais os cuidados?

Uma das principais dicas que Milanello dá para os interessados em comprar stablecoins é ficar atento à instituição que está oferecendo a criptomoeda. Em geral, as exchanges realizam essas pesquisas, o que ajuda a garantir a confiabilidade do investimento, mas é importante ter uma pesquisa própria.

“É como se fosse escolher para qualquer investimento em outros produtos, com critérios de segurança, custo, histórico da empresa. Se já foi hackeada é preciso saber quem são os donos e a maneira como a instituição se comunica com os investidores”, diz.

 

Já Siqueira afirma que é muito importante garantir que o fornecedor da stablecoin possua a reserva correspondente ao ativo pareado. Além disso, ela lembra que uma característica comum às criptomoedas é a ausência de uma instituição intermediadora nas negociações, o que dá mais independência, e responsabilidade, aos investidores.

“Você é o dono e controla o dinheiro como bem entender, mas isso traz responsabilidades: guardar chave de segurança da carteira digital, saber o quão segura é a corretora, pensando em ataques hackers também, então, precisa saber proteger esses ativos. Estude, veja como proteger melhor a conta e a carteira”.

Milanello afirma ainda que, por mais que as stablecoins sejam caracterizadas como investimentos mais estáveis e, portanto, mais seguros, isso nem sempre é verdade. Nesse caso, o mais importante é entender a que ativo ela está pareada, e se ele é volátil ou não. Como a criptomoeda replica as variações, ela também replica a volatilidade.

 

“Acho que não dá para comparar as stablecoins às criptomoedas tradicionais porque são propostas diferentes. Quando compra a stablecoin, só garante que 1 dólar digital vale 1 dólar físico, por exemplo, mas sempre terá o risco do ativo a que está pareado”, diz.

Fonte: CNN Brasil

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