Petrópolis confirma 104 mortes devido às chuvas
Geral
Publicado em 17/02/2022

Pelo menos 104 pessoas morreram vítimas das chuvas mais intensas dos últimos 90 anos em Petrópolis, antiga cidade imperial, onde era travada nessa quarta-feira uma corrida contra o tempo para encontrar eventuais sobreviventes debaixo da lama e dos escombros.

Até a noite desta quarta-feira, "104 mortes foram confirmadas", informou a Defesa Civil do estado do Rio de Janeiro em seu último relatório. Cerca de 24 pessoas foram resgatadas com vida.

"O Corpo de Bombeiros Militar do Estado RJ segue ininterruptamente, desde a tarde de terça-feira (15), as operações de busca e resgate por vítimas das fortes chuvas que atingiram o município de Petrópolis, na Região Serrana", diz a nota.

"Os militares acessam todos os pontos seguros para as equipes. E, para isso, usam equipamentos como balão de iluminação, gerador, unidade rebocável de iluminação, refletores, headlamp e lanternas comuns. O protocolo exige, ainda, a presença de militares com apitos para casos de novos desmoronamentos."

Um número que cresce sem parar com o passar das horas, após o temporal registrado na tarde de terça-feira na cidade localizada 68 quilômetros ao norte do Rio.

"Foi a pior chuva desde 1932", declarou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. "É quase uma situação de guerra", completou.

Várias estradas de Petrópolis foram transformadas em rios caudalosos com correntezas que varreram tudo em seu caminho e deixaram um rastro de casas reduzidas a escombros e veículos empilhados entre a água e a lama.

Alguns pontos de Petrópolis receberam até 260 milímetros de chuva em menos de seis horas, um volume superior à média histórica para todo o mês de fevereiro (240 mm), segundo a agência meteorológica Metsul.

O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que 35 pessoas foram "registradas" como desaparecidas em seu serviço de localização, embora os bombeiros e outras autoridades encarregadas dos resgates não confirmaram um número oficial de desaparecidos.

Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostraram imagens chocantes de algumas vias de Petrópolis transformadas em rios caudalosos, arrastando tudo pelo caminho com uma força descomunal.

As equipes de resgate trabalham para socorrer os afetados, muitos dos quais procuravam, desesperados, familiares e amigos em um cenário de casas reduzidas a escombros e veículos empilhados entre a água e o barro, constataram jornalistas da AFP.

"Ninguém esperava, foi desesperador, muito triste. Tenho amigos que estão desaparecidos", disse Elisabeth Pio Lourenço, de 32 anos, moradora do bairro de Alta da Serra, em ruínas. Até o momento, as autoridades não revelaram o número de desaparecidos.

"Não quero ver chuva nunca mais na minha vida", exclamou outro morador, Jerônimo Leonardo, de 47 anos, que na terça-feira teve que sair às pressas de casa, que ficou relativamente preservada.

Cerca de 400 militares trabalham em tarefas de socorro, juntamente com equipes da Defesa Civil e dos bombeiros, com cães, escavadeiras, caminhões, botes e uma dezena de aeronaves.

Autoridades alertam para um risco muito alto de novos deslizamentos na região montanhosa do Rio, especialmente em Petrópolis, devido à previsão de mais chuvas nos próximos dias, que poderão provocar novas inundações.

Em visita à Rússia, o presidente Jair Bolsonaro desejou que "Deus console os familiares" das vítimas da "catástrofe" em Petrópolis, durante coletiva de imprensa conjunta com seu anfitrião, Vladimir Putin, a quem agradeceu pela solidariedade frente ao ocorrido.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, garantiu que o presidente estará "no local" na sexta-feira. "O acumulado de precipitação na cidade de Petrópolis é incomum", destacou a meteorologista Estael Sias em nota no site da Metsul, onde assegurou que este desastre "não foi o primeiro e não será o último dadas as características climáticas da região, o seu relevo e a densidade populacional".

O Brasil tem sofrido com episódios de chuvas intensas nos últimos três meses, principalmente nos estados da Bahia e Minas Gerais, que deixaram dezenas de mortos e causaram danos a centenas de municípios.

Os cientistas argumentam que, devido às mudanças climáticas, os eventos climáticos extremos se tornarão cada vez mais frequentes. 

Em janeiro de 2011, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do estado do Rio devido às fortes chuvas, que causaram inundações e deslizamentos de terra em uma vasta área, incluindo Petrópolis e as cidades vizinhas Nova Friburgo, Itaipava e Teresópolis.


Cidade histórica

Petrópolis, de cerca de 300 mil habitantes, é uma cidade turística pelo seu valor histórico, pela natureza no entorno e por um clima mais ameno em comparação com o litoral do Rio de Janeiro.

No passado, foi estância de veraneio da antiga Corte Imperial brasileira. Durante o século XVIII e início do XIX, foi um ponto crucial no caminho entre Rio e Minas Gerais, que encantou o imperador Pedro I pelo clima e pela paisagem.

Fonte: Correio do Povo

 
 
 

 
 



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