Inflação avança 0,67% em junho, a maior taxa para o mês em 4 anos, diz IBGE
08/07/2022 10:13 em Economia

A inflação oficial de preços do Brasil voltou a ganhar ritmo ao subir 0,67% em julho, na comparação com o maio. A variação é a maior para o mês desde 2018 (1,26%), mostram dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado interrompe a sequência de duas desacelerações consecutivas e faz o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar o primeiro semestre de 2022 com alta de 5,49%. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula avanço de 11,89%.

No mês, alta maior do índice foi influenciada principalmente pelo aumento de 0,8% nos preços dos itens que compõem o grupo de alimentação e bebidas, que tem grande peso no índice geral (21,26%). O dado foi puxado, em especial, pelo aumento nos preços dos alimentos para consumo fora do domicílio (1,26%), com destaque para a refeição (0,95%) e o lanche (2,21%).

"Nos últimos meses, esses itens não acompanharam a alta de alimentos nos domicílios, como a cenoura e o tomate, e ficaram estáveis", afirma Pedro Kislanov, gerente responsável pelo IPCA. "Assim como outros serviços que tiveram a demanda reprimida na pandemia, há também uma retomada na busca pela refeição fora de casa. Isso é refletido nos preços", explica ele.

Na refeições dentro de casa, os preços do leite longa vida (+10,72%) e do feijão-carioca (+9,74%) foram os mais sentidos no bolso. Com isso, os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,63%. Por outro lado, houve queda em itens importantes desse grupo, como a cenoura (-23,36%), a cebola (-7,06%), a batata-inglesa (-3,47%) e o tomate (-2,7%).

Kislanov avalia que dois fatores que influenciam a queda desses alimentos: o componente sazonal e a base de comparação alta devido ao grande aumento de preços nos primeiros meses do ano. "A partir de abril e maio, o clima começa a ficar seco e isso melhora a produção, a oferta aumenta e os preços caem", pontua o pesquisador.

Outro fator que influenciou o resultado do índice em junho foi o aumento dos planos de saúde (+2,99%) após a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizar o reajuste de até 15,5% nos convênios individuais, com vigência a partir de maio e o ciclo se encerrando em abril de 2023. 

"No IPCA, houve, em junho, a apropriação das frações mensais de maio e junho, o que impactou bastante esse resultado”, pontua Kislanov ao citar que o item representou o maior impacto individual no índice do mês (0,10 p.p.) e impulsionou a alta de 1,24% no grupo de saúde e cuidados pessoais.

Com a manutenção da inflação na casa dos dois dígitos, o Banco Central (BC) admite que o índice encerrará 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano seguido. O alvo do Conselho Monetário Nacional (CMN) para o IPCA é 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2% a 5%).

O novo furo do teto da meta também é previsto pelo Ministério da Economia, que revisou de 6,5% para 7,9% a expectativa de inflação para este ano. Para o mercado financeiro, o indicador oficial deve fechar o ano em 8,89%.

Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 28 de maio a 29 de junho de 2022 (referência) com os preços vigentes no período de 30 de abril a 27 de maio de 2022 (base).

IPCA em Porto Alegre 

Porto Alegre é a que que tem a sexta maior variação do IPCA em junho entre as capitais (0,70%), atrás de Salvador (1,24%), Recife (1,13%), Belo Horizonte (0,83%), Rio Branco (0,81%) e Brasília (0,81%). 

No acumulado ano, Porto Alegre tem variação do IPCA de 3,85%, atrás do indicador a nível nacional de 5,49%. Já nos últimos doze meses, o aumento do índice é de 10,68%, contra 11,89% do observado no Brasil de forma geral.

Fonte: Correio do Povo

 
 

 

 
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