O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou a primeira reunião com todos os seus ministros para esta sexta-feira (6). O encontro está marcado para começar às 9h30, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Em uma publicação nas redes sociais, Lula afirmou que a agenda “não tem hora para acabar”.
Em entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira (5), o ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), explicou que a reunião tem como objetivo alinhar fluxos na administração federal, e que “não é freio de arrumação”.
“Não é um freio de arrumação, não é bronca, nem puxão de orelha, é a primeira reunião”, destacou.
Costa explicou que, no encontro, serão apresentadas estratégias e roteiros de trabalho de Lula. “[O presidente] Vai apresentar qual a expectativa dele, como ele quer que funcione, os fluxos, as prioridades, reforçar o entendimento do trabalho em equipe, coletivo”, pontuou.
Também pelas redes sociais, Alexandre Padilha (PT), ministro das Relações Institucionais, escreveu que serão discutidos “os passos iniciais a serem dados nos primeiros 100 dias de governo”.
Padilha também ressaltou, assim como outros integrantes do governo fizeram anteriormente, que o relatório produzido pelo grupo de transição mostrou que “temos muito que trabalhar para corrigir os desmandos do governo [Jair] Bolsonaro [PL]”.
Divergências
Apesar dos discursos de integrantes do primeiro escalão no sentido de que a reunião visa somente promover um alinhamento entre os ministros, nos bastidores o que se fala é que o objetivo é diminuir as divergências públicas entre os chefes das pastas.
Conforme explicou analista de Política da CNN Basília Rodrigues, os ministros têm avaliações diferentes sobre a manutenção das reformas produzidas em outros governos.
Carlos Lupi, ministro da Previdência, por exemplo, falou em “antirreforma” para rever as regras da Previdência aprovadas na gestão Michel Temer [MDB]. Em seguida, Rui Costa, ministro da Casa Civil, negou que o governo estude alterações no texto.
Basília Rodrigues revelou também que, na reunião, Lula deve reafirmar que o governo deve negociar internamente, antes de expor diferenças de lados.
Além disso, a âncora da CNN Thais Herédia apurou que “um dos principais ativos que o presidente não pode se dar ao luxo de perder tão cedo é a gestão sobre a comunicação de seu governo –e, acima de tudo, sobre o que comunicar, quem vai falar e em que momento”.
Desgaste de ministros
Outro problema que o presidente terá de lidar é com o desgaste de ministros já na primeira semana de governo.
Segundo apuração da âncora da CNN Daniela Lima, integrantes do Congresso Nacional iniciaram, nos bastidores, um bolão a respeito de quem será o primeiro ministro a ser demitido do novo governo.
Entre os favoritos estariam a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e o da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
O nome de Daniela está enfraquecido depois circulado nas redes sociais fotos e vídeos dela ao lado de pessoas supostamente envolvidas com a milícia no Rio de Janeiro.
Sobre isso, Rui Costa afirmou à CNN que não há motivos para “maior preocupação” em relação a este assunto.
“As fotos por si só não constituem nenhum ato que caracterize má conduta da ministra. Numa campanha eleitoral, muitas vezes você tira foto com muitas pessoas, muitas delas você nem conhece. Neste momento, não há nada relevante que justifique maiores preocupações em relação à ministra”, disse Rui Costa.
No caso de Góes, o problema estaria do fato de ele já ter sido condenado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a seis anos e nove meses de prisão após ser acusado de desviar dinheiro de empréstimos consignados de servidores do estado do Amapá, o qual governou entre 2003 e 2010 e entre 2015 e 2022.
A condenação foi em 2019, mas o caso dele ainda será avaliado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Relembre os ministros do governo Lula
- Fernando Haddad (PT) – Ministério da Fazenda
- Flávio Dino (PSB) – Ministério da Justiça
- José Múcio Monteiro – Ministério da Defesa
- Mauro Vieira – Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty)
- Rui Costa (PT) – Casa Civil
- Alexandre Padilha (PT) – Secretaria de Relações Institucionais
- Márcio Macedo (PT) – Secretaria-Geral da Presidência da República
- Jorge Messias – Advocacia-Geral da União (AGU)
- Nísia Trindade – Ministério da Saúde
- Camilo Santana (PT) – Ministério da Educação
- Esther Dweck – Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos
- Márcio França (PSB) – Ministério de Portos e Aeroportos
- Luciana Santos (PCdoB) – Ministério da Ciência e Tecnologia
- Cida Gonçalves (PT) – Ministério das Mulheres
- Wellington Dias (PT) – Ministério do Desenvolvimento Social
- Margareth Menezes – Ministério da Cultura
- Luiz Marinho (PT) – Ministério do Trabalho
- Anielle Franco – Ministério da Igualdade Racial
- Silvio Almeida – Ministério dos Direitos Humanos
- Geraldo Alckmin (PSB) – Ministério da Indústria e Comércio
- Vinícius Carvalho – Controladoria-Geral da União (CGU)
- Gonçalves Dias – Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
- Paulo Pimenta (PT) – Secretaria de Comunicação (Secom)
- Carlos Fávaro (PSD) – Ministério da Agricultura
- Waldez Góes (PDT*) – Ministério da Integração
- André de Paula (PSD) – Ministério da Pesca
- Carlos Lupi (PDT) – Ministério da Previdência
- Jader Filho (MDB) – Ministério das Cidades
- Juscelino Filho (União Brasil) – Ministério das Comunicações
- Alexandre Silveira (PSD) – Ministério de Minas e Energia
- Paulo Teixeira (PT) – Ministério do Desenvolvimento Agrário
- Ana Moser – Ministério do Esporte
- Marina Silva (Rede) – Ministério do Meio Ambiente
- Simone Tebet (MDB) – Ministério do Planejamento
- Daniela Souza Carneiro [Daniela do Waguinho] (União Brasil) – Ministério do Turismo
- Sonia Guajajara (PSOL) – Ministério dos Povos Indígenas
- Renan Filho (MDB) – Ministério dos Transportes
* Waldez Góes é do PDT, mas a expectativa é de que ele anuncie em breve a filiação ao União Brasil.
Fonte: CNN Brasil