Suicídio: problema de saúde pública que pode e deve ser prevenido!
10/09/2021 15:13 em Saúde

 Dia Mundial de Prevenção do Suicídio - momento de reforçar a campanha que ganha força em setembro mas que deve ser permanente!

O suicídio é a maior causa de mortes em jovens com idade de 15 a 25 anos no Brasil. Em Santa Rosa, no IGP, que atente a macrorregião composta por 23 municípios, os registros já somam 28 casos, de janeiro até agora.

A segunda maior causa de mortes registradas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) em Santa Rosa, perdendo apenas para as causadas por acidente de trânsito, o suicídio é um problema de saúde pública e precisa ser combatido com ações preventivas permanentes e efetivas. Foi o que ficou evidenciado no evento alusivo ao Setembro Amarelo, com o tema Detalhes que Salvam Vidas, realização dos cursos Técnico e Superior de Enfermagem, da Fundação Educacional Machado de Assis, na noite desta quarta-feira (8/Set) no Clube Concórdia, em Santa Rosa, com transmissão pelo Youtube.

Diretores e Coordenadores, professores e alunos/acadêmicos, comunidade em geral, formaram o público do encontro, mediado por Flávia Albuquerque, Psicóloga e Professora da FEMA, e apresentado pela Diretora Mônica Gasparetto, que citou duas das ações que a Instituição desenvolve e que está diretamente ligada com a prevenção do suicídio: o Círculo de Construção de Paz; e o Medita FEMA, momentos semanais onde a comunidade escolar medita sob condução profissional e com foco no autoconhecimento, preparo da mente para um viver com maior plenitude.

A Professora Francieli Hammerschmitt, responsável pelas atividades do Medita FEMA abriu o evento do Setembro Amarelo, demonstrando como é feita a meditação na Escola e, auxiliando o público participante do evento a preparar suas mentes para o conteúdo que seria apresentado.

Caio Rodrigues, Enfermeiro Especialista no assunto, iniciou sua fala compartilhando vivências particulares que o levaram a buscar o conhecimento na área e a importância da campanha de prevenção do suicídio ser algo permanente na sociedade. “...municípios menores da nossa região talvez não tenham essa proposta como aqui na FEMA, de ter grupos. E sabe-se que questões pontais só não adiantam. É super importante nesse setembro salientar, mas no resto do ano ter estratégias, pois, ainda é pouca a efetividade de ações contínuas”, pontuou Caio.

 

 

Diretamente de Caxias do Sul, por vídeo, participou Katiane B. da Silveira, pedagoga e especializada em Prevenção  e Pósvenção em Suicídio e facilitadora de Círculos de Construção de Paz. Compartilhou vivências como profissional e como mãe de adolescente. Dados nacionais atualizados sobre o suicídio no Brasil, de forma figurada, também compuseram sua explanação.

“É como se todos os dias um ônibus lotado de pessoas descesse ladeira a baixo; se a  cada semana uma boate Kiss fosse incendiada. O choque não é tanto, mas as pessoas mais se matam do que matam as outras...e por isso trabalho como esse que a Tati Ranchel realiza na FEMA, no Círculo de Construção de Paz, é importantíssimo...”.

Katiane disse que o suicídio é um comportamento, que as pessoas não querem morrer, buscam romper o sofrimento que vivem.

“É algo prevenível! Cada pessoa tem uma forma de sofrer: eu sofro algo e me torno agressiva! A autoagressão é uma forma de expressar o que sinto e isso nem sempre vai se tornar suicídio, mas é preciso observar, profundidade dos machucados, observar esses comportamentos; ser sensível aos movimentos do outros, sem julgar, é algo importante para ficar de olho.”

Sobre os meios de colaborar, cita Katiane, é preciso escutar verdadeiramente, pois, mandar diretamente procurar profissional é romper essa ligação, e que falas tipo: o que te ajudaria melhorar isso? O que você precisa? São meios de entender como a pessoa pensa nisso. E outra coisa é não se manter calado. Reafirma: ‘falar de suicídio é falar da vida, é pensar em espaços que trazem dores para a fala verbal.’

 

ACONTECEU! HÁ O QUE FAZER?

Sobre o termo e sentido POSVENÇÃO, a profissional explicou que, após ocorrer o suicídio – tentativa ou consumado – há muito o que ser feito. A cada caso são em média 135 pessoas afetadas diretamente, no ciclo da dor...e se eu não tenho espaço para cuidar dessa dor, eu posso causar dores em mim e em muita gente. É como lidar com o fato ocorrido para que isso não gere outros, rompendo o ciclo da dor”

 

O FUTURO SE PERDENDO!

O suicídio é a maior causa de mortes em jovens com idade de 15 a 25 anos, destacou a Psicóloga Katiane. A adolescência é um período de questão hormonal significativa e fatores que fazem desse público subgrupo de intervenções mais imediata. Isso também evidencia que as escolas tem um papel fundamental no processo de prevenção.

Os Círculos de Construção de Paz, a exemplo o que é mantido na FEMA, desempenham um papel importantíssimo na prevenção de vários males que afligem adolescentes e jovens, inclusive o suicídio. Criar espaços para que falem de suas dores e tenham orientação segura é um fator protetivo básico. “Quando mais grupos em pertencer, grupos que eu tenho significado, mais fator protetivo se tem

“Cada sujeito que se mata, falha uma proposta comunitária! Nós comunidade tempos responsabilidade com o outro ser humano também!”

 

 Silvani Pfitscher, enfermeira e Professora da FEMA, mãe de adolescente e com vasto conhecimento profissional no registro de óbitos, detalhou o funcionamento do IGP em Santa Rosa. Estrutura que desenvolve papeis estreitamente ligados ao tema. E os casos de suicídios registrados pela Instituição, em números e detalhes, alertam para a responsabilidade de reforço na prevenção. “O cadáver mais presente na mesa é o acidentado no trânsito e o segundo é o que praticou enforcamento. É algo muito pesado na nossa rotina”, compartilha a Professora, reforçando a importância de cada família ter atenção com seus membros, em todas as fases da vida.

Mariana O. Lopes Paz, perita médica legista do IGP/RS, unidade de Santa Rosa, detalhou as funções do médico legista. Quais os meios para determinar as causas dos óbitos. Compartilhou que o corpo levado ao IGP é avaliado externamente e percebe-se por vezes que está emagrecido, mal cuidado, indicativos importantes. Os registros dão conta dos principais meios utilizados pelas vítimas. O enforcamento lidera, seguido de arma branca – facas e semelhantes -  em seguida arma de fogo e medicamentos. Até pela vocação regional, o uso de agrotóxicos pelas vítimas também é bem frequente.

 

“O desafio dentro da medicina legal do IML é sempre determinar se a lesão foi causada antes da morte ou depois, em virtude da possibilidade de simulação de suicídio”, também destacou a Médica  Mariana.

O encontro do Setembro Amarelo, também foi oportuno para arrecadação de caixas de leite que estão sendo destinadas a famílias carentes do Município. 

 

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