FEMA em Ação trata de Reconhecimento e Diversidade Intercultural

Experiências impactantes, compartilhadas por quem enfrentou situações extremas e até inimagináveis no exercício da profissão, foi o conteúdo que marcou o FEMA em Ação desta segunda-feira (27/set); o espaço das Faculdades Integradas Machado de Assis, que possibilita ao acadêmico se aproximar ao máximo da realidade dos assuntos estudados. O tema RECONHECIMENTO E DIVERSIDADE INTERCULTURAL, em uma abordagem interdisciplinar, com INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO e DIREITO CIVIL I, tendo como convidada especial a Médica Doran Perez Weber.

A médica cubana, naturalizada brasileira, chegou ao Brasil em 2013, sendo lotada na Unidade Básica de Saúde de Porto Vera Cruz, através do então programa nacional de saúde, o Mais Médicos. Participou da elaboração e execução de inúmeras ações no referido Município e no âmbito regional se envolveu em projetos como a então implantação da UPA de Santa Rosa.

A Coordenadora do Curso de Direito, também professora da noite, Dra. Bianca Tams Diehl, juntamente com os Docentes Profa. Ms. Franciele Seger e o Prof. Ms. Roberto Laux Junior, conduziram o FEMA em Ação, uma aula intensa de reconhecimento e de diversidade intercultural. Doran Perez compartilhou vivências significativas em sua atuação no Paquistão, na Venezuela e na Bolívia. Relatou a repressão desumana sofrida pelas mulheres, barbáries ainda evidenciadas.

A fala de Doran permeou também dicas valiosas para quem deseja se ‘aventurar’ por outros países, inclusive por intercâmbio. Os contrastes entre o que vivenciamos no Brasil e a realidade das culturas que ela conheceu também marcou sua fala. Os acadêmicos da FEMA puderam interagir, fazer perguntas e também expor ideias sobre o que ouviram da Médica.

A Professora Bianca classificou a abordagem como “importante e de necessária reflexão, sobretudo em tempos de intolerância, de extremismo e de polarizações, que geram diferentes formas de violência e de discriminação, advindas de diferentes fatores sociais, culturais, ideológicos e até mesmo por falta de conhecimento. E este é um dos motivos pelos quais nos sentimos na obrigação, enquanto graduação em Direito, de trazer tais temas para as nossas aulas. Estamos felizes e gratos com a participação da Dra. Doran, além de emocionados... Doran inspira, é sinônimo de força, de determinação, de resiliência...”

Roberto Laux Junior, Magistrado, Docente das Faculdades FEMA, disse que hoje se tem uma versão de democracia, mas que “democracia não é simplesmente um princípio constitucional; é sim um modo de ser, de viver, modo de estar no mundo; passa pela capacidade escutativa de reflexão, de debate e de produção de conhecimento a partir dessa interlocução! Nesse momento especial no mundo, em que há défice de reconhecimento do outro, de dificuldade de ponto de vista extremos, de intolerância, é que nós, dentro da interdisciplinaridade, propusemos esse momento”.

Sobre indicar a participação de Doran Perez no FEMA em Ação, Laux Junior considerou sua bravura, seu perfil desafiador, de ter enfrentando tantas situações em nome de sua profissão, da sua sede pelo conhecimento.

“Mulher forte, corajosa... que gosta de viver, veio ao Brasil e foi acolhida, conquistando toda a comunidade e que tem uma experiência de vida que vale muito a ser compartilhada”, destacou.

Franciele Seger, parabenizou a Médica pela coragem de encarar tantos desafios. “Hoje, estou aqui muito mais como aprendiz do que como Professora. Certamente, temos aqui o relato de experiências que nenhum de nós vivenciou... algo engrandecedor, de forma profissional e pessoal”.

A Pedagoga Denise Machado, que atua nas Faculdades FEMA, prestigiou o FEMA em Ação e emocionada se manifestou sobre as falas de Doran Perez. “Estou impactada, emocionada. Senti um misto de sentimentos, ora felicidade, ora tristeza. A felicidade está em conhecer uma história permeada de luta, sonhos, força e doação ao outro. Tua história nos enche de orgulho, nós mulheres do mundo todo. Como brasileira lamento profundamente seu afastamento das atividades da medicina. Brasil perde muito por você não atuar, com tamanha bagagem científica e cultural. A Academia ganha muito com teu conhecimento, ressalto alguns aspectos que tua vivência nos permite refletir: A relação cultural e o conhecimento científico e a relação desses com o poder do Estado. Estou profundamente emocionada! Parabéns e gratidão a sua doação e luta pela vida, pelo mundo. Tua ajuda é planetária!”, concluiu.

Sobre participar do evento como convidada especial, Doran Perez diz: “Primeiro agradecer a oportunidade que me deram de poder compartilhar com pessoas tão especiais, o público acadêmico FEMA, experiências que tive na minha caminhada profissional, muitos momentos inimagináveis, como relatei no FEMA em Ação... A FEMA é uma Instituição diferenciada, tem olhar humano e isso me encanta muito. Sou uma apaixonada pela saúde, pela vida, dediquei grande parte de tudo que sou ao estudo da Medicina e continuo construindo o conhecimento nessa área essencial, como deve ser em todas as outras. Compartilhar conhecimento é fundamental na construção do mesmo. É isso que não pode faltar na luta por um mundo melhor”

Doran Perez não exerce a medicina desde a primeira reformulação do Programa Mais Médicos, quando foi imposto aos profissionais de Cuba retornarem ao seu país de origem. A médica preferiu ficar, pois, havia formado família no Brasil. Com suspensão e entraves do Revalida, que é o exame de validação de diplomas aos médicos formados fora do país, Doran acabou ficando fora do mercado de trabalho na área que se graduou e se especializou, Pronto Atendimento e Saúde da Família. Atualmente, ela que tem duas filhas pequenas e mora no interior de Santo Cristo, com o marido que é Professor, realiza atendimentos de Saúde Integrativa, a chamada medicina do futuro.

Fonte: Eli Rodrigues – Jornalista (MTb. 13.608)

Comunicadora/Relacionamento - Fundação e Rádio FEMA!