Conheça os medicamentos contra Covid-19 aprovados para uso emergencial no mundo
09/11/2021 14:31 em Saúde

Apesar de a vacinação contra Covid-19 estar avançando em vários países do mundo, inclusive no Brasil, ainda há uma corrida dos laboratórios farmacêuticos para criar um medicamento que evite a evolução grave da doença. Isso porque a vacina não impede a transmissão da Covid-19, embora consiga conter, na grande maioria dos casos, a hospitalização e morte pelo coronavírus.

A droga mais recente a ganhar a atenção de pesquisadores foi molnupiravir, medicamento da Merck Sharp & Dohme (MSD), o primeiro medicamento contra Covid-19 via oral, com a possibilidade de extinguir a infecção em até oito dias com a ingestão de quatro capsulas ao dia durante cinco dias. O Reino Unido aprovou seu uso emergencial na semana passada. A FDA, agência regulatória americana, está considerando fazer o mesmo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também avalia a inclusão deste medicamento em sua lista de tratamentos indicados para Covid-19.

Enquanto aguarda a aprovação, a MSD autorizou fabricação de genéricos por outros laboratórios, que ficarão livres do pagamento de royalties, ao menos enquanto a OMS mantiver a declaração de pandemia por coronavírus.

Além do molnupiravir, a Organização Mundial da Saúde já aprovou o uso de outros medicamentos para o tratamento contra Covid-19, sobretudo em pessoas hospitalizadas e com quadros severos ou muito graves, todos com base no critério de severidade da doença: não-grave; grave ou crítico.

Remédios de acordo com sintomas

Segundo a OMS, a Covid-19 crítica, ou o quadro crítico de Covid-19, é definido quando o infectado apresenta sintomas como a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) – que é quando os pulmões já estão danificados o bastante que o doente tem grande dificuldade para respirar e precisa de ventilação mecânica- , sepse e choque séptico.

Na Covid-grave, o infectado apresenta saturação de oxigênio menor que 90% em ar ambiente, sinais de dificuldade respiratória como fazer força para respirar, além de pneumonia, letargia e redução do nível de consciência e convulsões. E a Covid-19 não grave, ou a ausência de qualquer dos sintomas vistos na Covid crítica ou grave.

No seu relatório mais recente “Therapeutics and Covid-19: living guideline”, de 23 de outubro, a OMS cita como medicamentos indicados para tratar a Covid: casirivimabe e imdevimabe; Tocilizumabe ou sarilumabe; Remdesivir e corticosteroides sistêmicos (entenda mais sobre cada categoria abaixo).

No Brasil, o Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz está em diálogo avançado com a MSD para tentar viabilizar um modelo de cooperação técnica que envolva testes da droga no país e acesso à população, caso o medicamento seja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os testes com a droga, no entanto, ainda não foram iniciados no Brasil.

Drogas aprovadas para uso emergencial pela OMS

Casirivimabe e imdevimabe

Produzidos pelas farmacêuticas Regeneron e Roche, os medicamentos, cujo coquetel é chamado de Regen-Cov, podem ser usados, emergencialmente no Brasil desde o dia 20 de abril. As drogas são administradas em dose única e indicadas apenas para quadros não-graves (leves e moderados) da doença, em adultos de todas as idades ou crianças com 12 anos ou mais que tenham contraído a Covid-19. A aplicação é diretamente na veia (infusão intravenosa).

Segundo a OMS, o tratamento é sugerido para aqueles com maior risco de hospitalização (idosos, imunossuprimidos e pessoas com doenças crônicas como diabetes).

Casirivimabe e imdevimabe “não estão autorizados para uso em pacientes hospitalizados (internados) devido à Covid-19 ou que necessitam de oxigênio de alto fluxo ou ventilação mecânica em seus tratamentos”, esclarece a Anvisa. Segundo a agência, os estudos clínicos indicam que o medicamento não mostrou benefício em pacientes internados, podendo até agravar o quadro.

Tocilizumabe ou sarilumabe

A Organização Mundial da Saúde passou a indicar o uso de bloqueadores do receptor de IL-6 (tocilizumabe ou sarilumabe) em 6 de julho de 2021 para pacientes com infecção grave ou crítica por Covid-19.

A recomendação da OMS ressalta que estes bloqueadores devem ser recomendados no lugar dos corticosteroides, previamente recomendados em casos graves de Covid-19.

Remdesivir

O medicamento, que não é vendido em farmácias, é um antiviral injetável produzido em pó para diluição. O laboratório Gilead, responsável pelo seu desenvolvimento, aponta que ele é capaz de impedir a replicação do vírus no organismo, reduzindo o processo de infecção. A OMS autorizou o uso em 20 de novembro de 2020. O remdesivir teve registro concedido pela Anvisa em 12 de março deste ano.

Em sua última revisão, a OMS manteve a indicação de uso em pacientes hospitalizados com Covid-19, independentemente da gravidade da doença.

Já para a Anvisa, no Brasil “o medicamento somente pode ser administrado para pacientes com pneumonia que precisam de oxigênio extra para ajudá-los a respirar, mas que não estejam sob ventilação artificial”.

Corticosteroides sistêmicos

As recomendações para corticosteroides foram publicadas pela primeira vez como diretrizes de vida da OMS em 2 de setembro de 2020 e pelo British Medical Journal em 5 de setembro de 2020.

Segundo a OMS, o uso destes medicamentos é recomendado apenas para pacientes com Covid-19 em estado grave. Pessoas infectadas que apresentem sintomas leves ou moderados não devem receber corticosteroides. No entanto, com a inclusão do tocilizumabe ou sarilumabe, os corticosteroides passam  a não ser a única alternativa para casos semelhantes.

“[Para casos graves de Covid-19] Recomendamos corticosteroides sistêmicos em vez de nenhum corticosteroide”, descreveu o relatório Therapeutics and Covid-19 Living Guideline, publicado em 23 de setembro pela OMS.

Para pacientes com infecção leve ou moderada por Covid-19 (ausência de critérios para infecção grave ou crítica), a OMS não recomenda o uso.

Drogas em estudo e aprovadas pela Anvisa

Banlanivimabe e etesevimab

Aprovado para uso emergencial pela Anvisa em 13 de maio deste ano, banlanivimabe e etesevimab também são ministrados em pacientes maiores de 12 anos, com quadro leve ou moderado da doença, que pesem mais de 40 kg. Os estudos prévios apontam ainda que a combinação desses dois medicamentos não deve ser usada em pacientes que já estejam hospitalizados com Covid-19 ou que necessitem de oxigênio ou ventilação mecânica.

“A infusão deve ser feita dentro de três dias do teste viral positivo e até dez dias após o início dos sintomas”, explica a Anvisa. Os medicamentos, que não podem ser vendidos em farmácia, são similares a tratamento de soroterapia.

Regkirona (regdanvimabe)

Também indicado para o tratamento de indicado para o tratamento de Covid-19 de leve a moderada, o regdanvimabe é um medicamento indicado para pacientes adultos que não necessitam de suplementação de oxigênio e com exame positivo para Covid-19. Deve ser administrado dentro de sete dias após o início dos sintomas.

A agência de saúde aprovou o seu uso emergencial no dia 11 de agosto deste ano, mas destaca que há contraindicações para quem tem IMC igual ou inferior a 35; doença renal crônica; diabetes; doença imunossupressora ou que estejam recebendo tratamento imunossupressor no momento; possuam 65 anos de idade ou mais; possuam 55 anos de idade ou mais e tenham doença cardiovascular ou hipertensão ou ainda doença pulmonar ou respiratória crônica.

Sotrovimabe

Com uso emergencial aprovado no dia 8 de setembro, o medicamento imita a capacidade do sistema imunológico de combater o vírus e atua para bloquear a ligação do vírus que o conecta com as células humanas. O sotrovimabe é indicado para o tratamento de Covid-19 leve a moderada em pacientes adultos e adolescentes com 12 anos ou mais, e que pesem pelo menos 40 kg.

O tratamento é indicado apenas para aqueles que têm risco de evoluir para um quadro grave da doença e não deve ser ministrado em pacientes hospitalizados, que necessitem de oxigenoterapia ou que precisem de aumento na taxa de fluxo de oxigênio basal. O medicamento é de uso restrito a hospitais e não pode ser vendido em farmácias.

Baricitinibe

Último medicamento aprovado pela Anvisa para testes, o baricitinibe atua no processo de formação e desenvolvimento das células do sangue, na inflamação e na defesa do organismo.

A Anvisa diz que o medicamento é indicado para pacientes adultos hospitalizados que necessitam de oxigênio por máscara ou cateter nasal, ou que necessitam de alto fluxo de oxigênio ou ventilação não invasiva.

Tofacitinibe

O pedido de autorização para uso emergencial do citrato de tofacitinibe foi apresentado pela Pfizer à Anvisa em 28 de julho, mas ainda não foi incluído na lista de medicamentos para teste. A agência diz que o prazo para resposta é de 30 dias, que já foi excedido, mas que pode se estender quando o laboratório precisa responder questões técnicas feitas pela agência.

Em estudo, mas não apresentados à Anvisa

Os pesquisadores da USP identificaram um grupo de outros sete medicamentos entre alguns milhares que foram testados e que se mostraram “potenciais inibidores da protease principal da SARS-CoV-2”, isso significa basicamente que eles talvez possam ajudar a conter as infecções por coronavírus.

Hexassacarídeo derivado de acarbose

Produto natural utilizado para reduzir o nível de glicose no sangue ao retardar a digestão dos carboidratos.

Angiotensinamida

Vasoconstritor utilizado para aumentar a pressão arterial em pacientes com hipotensão grave.

Diidroestreptomicina

Antibiótico muito usado em tratamento veterinário para casos de pneumonia e outras doenças relacionadas à contaminação por algumas bactérias.

Enviomicina e viomicina

São antibióticos utilizados para o tratamento de tuberculose.

Fenoterol

Encontrado com o nome de Berotec, usado no tratamento de doenças conhecidas como bronquite crônica, asma brônquica, pneumonia, enfisema pulmonar; doença pulmonar e tuberculose.

Naratriptano

Analgésico utilizado para tratamento de enxaqueca.

Apesar dos estudos, nenhuma dessas drogas teve pedido de liberação para testes feito junto à Anvisa para tratamento de Covid-19.

 

*Com informações de Raphael Coraccini.
Fonte: CNN Brasil

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