Porto Alegre desobriga uso de máscara em ambientes fechados
18/03/2022 14:11 em Saúde

Após a flexibilização do uso de máscaras em ambientes ao ar livre, a prefeitura de Porto Alegre decidiu tornar facultativo o uso da proteção em ambientes fechados. A definição veio em reunião realizada na manhã desta sexta-feira, no Paço Municipal. “Tivemos uma produtiva reunião onde enfrentamos a questão do uso da máscara. Nossa cidade é uma das mais vacinadas do país, com baixas nas internações e transmissões. Estamos tornando a máscara facultativa em espaços fechados com duas exceções que são os ambientes de saúde e o transporte público”, afirmou o prefeito Sebastião Melo. Ele enfatizou que grupos de risco seguem com a recomendação do uso. “Essa decisão é baseada na ciência, a pandemia não terminou, mas Porto alegre tem agido com muita responsabilidade e estamos maduros para tomar esse passo”, afirmou Melo.

Na semana passada, a prefeitura recebeu quatro especialistas antes da flexibilização em ambientes externos e eles não recomendaram a desobrigação em ambientes internos. Na reunião desta sexta-feira, fizeram-se presentes, conforme informado pela prefeitura, apenas integrantes do poder público municipal. “O secretário municipal da Saúde tem conversado com várias entidades e não há unanimidade na ciência sobre esse tema. Tem cidades que vacinaram menos que Porto Alegre e já liberaram as máscaras. Estamos fazendo um equilíbrio e tornando facultativo”, explicou Melo. O prefeito acredita que muitas pessoas continuarão usando máscaras mesmo depois da pandemia, como é comum na cultura de outros países.

O uso da proteção segue em estabelecimentos de saúde e no transporte coletivo público e privado. “No transporte coletivo as pessoas estão muito próximas, principalmente em horários de pico. Há um maior risco de contágio e por isso mantivemos a obrigatoriedade”, disse o coordenador da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS), Fernando Ritter. Para transporte individual, em táxis e corridas por aplicativos, segue recomendado o uso da máscara, embora não seja mais obrigatório.

Especialista vê decisão precipitada

“Entendo a decisão como muito precipitada e sem embasamento no número de casos, que ainda é superior ao que tivemos no final do ano passado. O ambiente fechado é de maior risco de transmissão e vamos expor uma população que sofreu muito como idosos e imunossuprimidos, em um momento que não temos o controle da pandemia”, afirma o infectologista no Hospital Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor da faculdade de Medicina da Ufrgs, Alexandre Zavascki, um dos convidados pela própria prefeitura para o encontro da semana passada. Ele projeta impactos na educação, com aumento no número de casos em crianças e consequente suspensão de aulas.

“Os pais decidem pelos filhos”

Questionado sobre a medida junto à rede escolar, o prefeito disse que a regra é a mesma. “Escolas seguem o mesmo regramento do uso facultativo. O que não permitiremos é que diretores decidam o que tem que se fazer na escola. Os pais é que decidem pelos filhos”, enfatizou o prefeito. O vice-prefeito, Ricardo Gomes, salientou que a decisão em escolas da rede estadual diz respeito ao Piratini. “O Estado decide pela sua rede. Para a rede municipal e para rede privada a recomendação é a do decreto do município de Porto Alegre”.

Mão que liberou pode pesar

Surgimento de novas variantes e alterações no número de casos da Covid-19 podem fazer com que o poder público reveja a decisão. “Trabalharemos muito para que isso (aumento de casos) não aconteça. O gestor tem que ser responsável. Caso isso venha a acontecer, a mesma mão que assinou a liberdade é a mão que vá pesar não só no uso de máscara, mas outras restrições necessárias”, garantiu Melo.

O secretário da saúde Mauro Sparta afirmou que o decreto seria publicado ainda na tarde desta sexta-feira, entrando em vigor imediatamente. Participaram também da reunião o secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer; o secretário de Comunicação, Luiz Otávio Prates; e o secretário extraordinário de Enfrentamento ao Coronavírus, César Sulzbach.

Fonte: Correio do Povo

 
 
 

 

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