A atriz Claudia Raia anunciou, nesta segunda-feira (19), que está grávida. Aos 55 anos, a atriz também é mãe de Enzo, de 25 anos, e Sophia, de 19, de seu relacionamento com o ator Edson Celulari.
Assim como ocorre com a atriz, a chamada maternidade tardia é possível, mas é preciso acompanhamento médico frequente e uma boa qualidade de vida.
Um levantamento de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início deste ano mostrou que as mulheres brasileiras estão tendo filhos cada vez mais tarde.
De 2000 para 2020, a proporção de registros de nascimentos cujas mães tinham menos de 30 anos caiu de 76,1% para 62,1%, mostrou a pesquisa.
Já os registros de nascimentos cujas mães tinham 30 anos ou mais subiu de 24,0% para 37,9%. A menor taxa de fecundidade e a tendência de gravidez tardia indica um processo de transição demográfica no Brasil.
Riscos da gravidez tardia
Apesar de ser possível, de acordo com Decio Teshima, ginecologista membro da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de São Paulo (Sogesp), da Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), e do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, “a gravidez acima dos 35 anos é definida como uma gravidez tardia.
Existe maior risco de doenças para a gestante, como o diabetes e a pré-eclâmpsia, além de um maior risco de abortamento”.
A classificação de alto risco é feita pelo Ministério da Saúde.
Teshima disse que “a idade média da menopausa da brasileira é em torno de 47 a 51 anos, portanto, uma gestação após os 50 anos não é fisiológica”.
“O corpo da mulher não está mais preparado para gestar. O período ideal para engravidar seria entre 20 a 29 anos”, continuou.
Mariana Rosario, obstetra e ginecologista, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein, especializada em gravidez tardia explicou que um óvulo de uma mulher de 50 anos ele é um ovo que nasceu com ela — dessa forma, uma célula mais velha tem maior possibilidade de produzir alterações na divisão celular.
No entanto, a médica que enquanto “a mulher estiver ovulando, teoricamente, há a possibilidade de receber uma gestação”.
A médica explica que apesar disso, há diversos os riscos, tanto para a mulher quanto para os bebês.
“É uma gestação considerada arriascada por conta do tanto de complicações que tem […] “Com as alterações cromossômicas, na divisão celular principalmente, o médico fica mais preocupado com má formação e síndromes genéticas com os bebês“, disse.
“É necessário ficar atento aos exames morfológicos para saber se tem a chance de alteração genética, pode fazer exame de DNA fetal — para ver se existe chances de má formações, é temos que avaliar todas as possibilidades de acontecer alguma patologia gestacional com a mãe”, afirmou Mariana.
Pré-natal na gestação de alto risco
O Ministério da Saúde possui um Manual Técnico de Gestação de Alto Risco, elaborado para orientar a equipe assistencial no diagnóstico e tratamento das doenças e/ou problemas que afligem a mulher durante a gravidez.
O objetivo também é uniformizar as condutas dos atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS).
O manual indica que em caso de uma gravidez de alto risco, a equipe profissional deve promover avaliação clínica, avaliação obstétrica, repercussões mútuas entre as condições clínicas da gestante e a gravidez e assistência ao parto.
Segundo Teshima, no caso de uma gravidez acima dos 50 anos, “sem duvida, faz-se necessário um acompanhamento mais próximo da gestante e da vitalidade fetal no final da gestação”.
O médico explica que o pré-natal deve começar antes mesmo do teste positivo. “A mulher precisa se preparar física e emocionalmente para gestar. Precisa de um bom estilo de vida, uma boa alimentação e suplementação adequada”, disse.
“Durante a gravidez, em primeiro lugar, pedir todos os exames da rotina do pré-natal. Em segundo, verificar se a gestação foi espontânea ou por fertilização in vitro (FIV). Caso tenha sido por FIV, se foi com os seus próprios óvulos ou por ovodoação”, afirmou Teshima.
Mariana destaca ainda que é necessário um pré-natal muito diferente de um pré-natal normal.
“As consultas precisam ser mais estreitas, não precisa esperar quatro semanas para encontrar a paciente, é preciso avaliar toda a parte de suplementação. Na verdade, precisa de um superacompanhamento”, disse.
Como manter uma gestação tardia saudável
Outra indicação do manual técnico do Ministério da Saúde para a gravidez de alto risco são cuidados com aspectos emocionais e psicossociais.
Esses envolvem profissionais de enfermagem, psicologia, nutrição e serviço social, em trabalho articulado e planejado.
Teshima alerta que para manter uma gestação saudável tanto para a mãe quanto para o bebê, alguns cuidados específicos são necessários.
“Uma boa alimentação, pratica de atividade física regular, cuidar da saúde emocional e principalmente evitar ganhar muito peso ao longo da gestação”, disse.
Mariana disse que a paciente que planeja ter um filho acima dos 35 anos. “O acompanhamento de uma gestação de uma mulher mais velha precisa começar antes de engravidar, precisa de um ajuste de dieta, de suplementação individualizada”, disse.
E para manter a gestação saudável, deve-se continuar com as mesmas dicas, afirma a médica.
“Precisa de um controle de dieta extremamente rigoroso, se não houver contraindicação, a mulher deve treinar a gestação inteira (com acompanhamento), pedir exames específicos e fazer todo cuidado com testes genéticos se tiver indicação”, aponta Mariana.
Fonte: CNN Brasil