A exposição excessiva ao sol e sem o uso de protetor solar são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele. A atenção ao próprio corpo permite a identificação de sintomas da doença e o diagnóstico precoce.
Neste mês, a campanha Dezembro Laranja promove a conscientização sobre a prevenção ao câncer de pele. Em um país de clima tropical e ensolarado como o Brasil, os cuidados devem ser redobrados.
Especialistas consultados destacam os principais erros cometidos pelas pessoas no trato da pele e como prevenir lesões e doenças.
1 – Deixar de usar protetor solar
A exposição à radiação ultravioleta (UV) tem efeito que se acumula ao longo do tempo. Os raios solares contam com uma capacidade de penetração profunda na pele. Entre as alterações causadas estão pintas, sardas, manchas, rugas e outros problemas. Especialistas recomendam o uso de protetor solar com fator de proteção solar (FPS) 30 ou maior.
“A escolha do melhor protetor solar varia de acordo com cada pele, sendo mais adequadamente recomendada de acordo com o dermatologista. Uma pessoa que tem pele oleosa, por exemplo, vai precisar de protetores não comedogênicos pra não favorecer o desenvolvimento de acne. De modo geral, quanto mais clara é a pele, maior deve ser o fator de proteção”, afirma a médica dermatologista Meire Gonzaga.
A especialista enfatiza a necessidade de reaplicação do filtro solar para manutenção da proteção. “O filtro solar deve ser reaplicado a cada duas horas ou a cada mergulho. Muitas vezes, a pessoa passa o filtro solar pela manhã e acha que está protegida até o final do dia. Ela acaba se expondo excessivamente à radiação nos horários após as dez da manhã e antes das 16 horas”, diz Meire.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) recomenda ainda cobrir as áreas expostas com roupas apropriadas, como camisas de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas, além do uso de óculos escuros.
“Na praia ou piscina onde a exposição solar é mais intensa e mais constante, o uso do protetor solar deve ser mais rigoroso. Deve-se utilizar antes de ir à praia, aguardar 15 a 20 minutos para banho de água e reaplicar a depender de cada protetor solar e cada pele”, orienta a médica oncologista do Ceon+, Suelen Martins.
2 – Não fazer a higiene adequada da pele
A higiene da pele em geral é de extrema importância, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A eliminação de poluentes e a remoção de agentes infectantes é feita a partir da higienização diária.
A SBD recomenda o uso de sabonetes adequados para cada tipo de pele. Para peles oleosas a mistas, o ideal é optar por sabonetes à base de ingredientes adstringentes que favorecem a remoção das impurezas e a desobstrução dos poros. No caso das peles secas e normais, o ideal são os sabonetes líquidos com pH neutro, e complementação do processo com loção ou creme de limpeza, orienta a SBD.
Para a pele do rosto, é recomendada a limpeza duas vezes ao dia, de manhã e à noite, para evitar o acúmulo de oleosidade e resíduos de maquiagem e outros produtos, poluentes e poeira. Segundo a SBD, o acúmulo de sujeira na pele do rosto leva ao fechamento dos poros e favorece o aparecimento de cravos e espinhas, além de contribuir para o envelhecimento precoce.
3 – Bronzeamento em excesso
A busca pelo bronzeamento é uma prática comum no Brasil, principalmente nos meses do verão, que começa no dia 21 de dezembro. Especialistas reforçam que a prática representa um risco, especialmente com o uso de produtos sem indicação médica ou caseiros para atingir a cor desejada.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção Rio Grande do Sul (SBD-RS) destaca que existem métodos saudáveis para deixar a pele mais dourada. Para entender quais são as formas corretas e saudáveis, recomenda consultar um dermatologista. O profissional avaliará a história e a sensibilidade da pele do paciente e poderá indicar a aplicação tópica de auto bronzeadores que produzem um efeito semelhante ao bronzeado, sem prejudicar a saúde.
“Os raios ultravioletas (RUV) são divididos em RUVA, RUVB e RUVC. Os RUVC não atingem a superfície da Terra, pois são filtrados pela camada de ozônio. No entanto, tanto os RUVA, quanto RUVB são danosos à pele. Os raios RUVA são constantes durante o dia, penetram mais profundamente na pele e são responsáveis pelo bronzeado”, explica a médica dermatologista e presidente da SBD-RS, Taciana Dal’Forno Dini.
“O uso de filtros solares, roupas protetoras, bonés e chapéus, evitando ou redobrando os cuidados nos horários de radiação solar mais intensa, são medidas fundamentais para a adequada proteção”, completa.
4 – Não prestar atenção aos sinais do corpo
A atenção com o próprio corpo pode levar à identificação de alterações na pele que podem indicar o surgimento de problemas de saúde simples, como acnes ou manchas a quadros mais graves como o câncer de pele.
“Acho que o principal erro é negligenciar aquilo que você está vendo. A pele é o maior órgão do corpo, ela está aí para todo mundo ver. Muitas vezes, sinais passam despercebidos ou são negligenciados. Então esse é um erro central”, afirma o médico oncologista Rodrigo Munhoz, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
Entre os problemas de pele mais comuns do período do verão estão as micoses, que são infecções causadas por fungos; brotoejas ou pequenas bolinhas que surgem devido ao contato da pele com o suor; manchas e sardas brancas, e acne solar provocada pela mistura da oleosidade aumentada da pele, sudorese, uso do filtro solar e da própria radiação solar, de acordo com a SBD.
5 – Buscar atendimento médico somente diante de um sintoma
Por ser o maior órgão do corpo humano, a pele não deve ser tratada de maneira superficial, defendem os especialistas.
Além de cuidados, como o uso de protetor solar e a atenção a possíveis alterações, os médicos recomendam o acompanhamento de rotina como a melhor forma de manter a saúde e prevenir doenças.
“Quando negligenciamos o cuidado da pele em relação à proteção, estamos mais vulneráveis ao fotoenvelhecimento, às manchas, além do câncer de pele”, afirma Meire.
“Se percebeu que tem algo errado, não tarde em buscar um dermatologista ou qualquer outro médico que possa conduzir a investigação”, completa Munhoz.
Fonte: CNN Brasil