Após reunião de líderes, Otan anuncia mais apoio para Ucrânia e envio de tropas para países vizinhos
Internacional
Publicado em 24/03/2022

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, anunciou nesta quinta-feira (24) que os líderes da organização decidiram em reunião dar mais apoio à Ucrânia e enviar tropas para Bulgária, Romênia e Eslováquia, países vizinhos. O encontro entre as lideranças em Bruxelas para anunciar novas medidas contra a Rússia aconteceu no dia em que a guerra completou um mês. Acompanhe ao vivo acima à programação da CNN.

Stoltenberg destacou ainda que a Otan aumentará seu apoio para todos os países ameaçados pelos russos, e também afirmou que a China deve utilizar a sua influência na região para “promover a paz” e pressionar Vladimir Putin para acabar com a guerra.

O possível uso de armas químicas pela Rússia foi destacado por Stoltenberg como motivo de preocupação. Segundo ele, a utilização deste tipo de armamento mudaria a natureza da guerra. O secretário-geral disse que a Aliança está fazendo tudo para evitar entrar na guerra.

Em um mês de guerra, os números do conflito, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), são de quase 1.000 civis mortos. Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, mais de 2.500 pessoas que não possuem vínculos militares foram vítimas do conflito, de acordo com dados do Escritório do Alto Comissariado ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH).

O Escritório da ONU afirma que acredita que os números reais são “consideravelmente maiores, pois o recebimento de informações de alguns locais onde ocorreram intensas batalhas foi adiado e muitos relatórios são ainda pendentes de comprovação”.

Apesar dos esforços, as forças russas ainda não conseguiram capturar a capital Kiev. Na avaliação de especialistas e da inteligência de países ocidentais, o exército russo sofre com problemas logísticos, falta de suprimentos e tem dificuldade em superar resistência ucraniana.

Destaques das últimas 24 horas

Ucrânia afirma ter destruído grande navio de guerra russo

O porto de Berdyansk, no sul da Ucrânia, foi abalado por uma série de fortes explosões logo após o amanhecer desta quinta-feira (24). Ele havia sido recentemente ocupado por forças russas e vários navios de guerra russos estavam ancorados lá.

As Forças Armadas da Ucrânia disseram que “destruíram um grande navio de desembarque” que chamaram de “Orsk”.

Vários navios russos estavam descarregando equipamentos militares em Berdyansk nos últimos dias, de acordo com relatos do porto por meios de comunicação russos.

 

As forças armadas ucranianas disseram que, além de destruir o Orsk, “mais dois navios foram danificados. Um tanque de combustível de 3.000 toneladas também foi destruído. O fogo se espalhou para o depósito de munições do inimigo. Detalhes dos danos causados ao ocupante estão sendo esclarecidos.”

Ucrânia: sete corredores humanitários foram abertos

Foi alcançado um acordo sobre o estabelecimento de sete corredores humanitários para evacuar civis de cidades e vilas ucranianas nesta quinta-feira (24), disse a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk.

Porém, segundo ela, os civis que tentarem deixar a sitiada cidade de Mariupol encontrarão transporte na vizinha Berdyansk — deixando claro que a Rússia não permitiu que um corredor seguro seja criado para ou do centro da cidade portuária do sul.

A mesma situação ocorreu na segunda-feira (21), quando foram acordados oito passagens para os civis, mas uma saída de Mariupol continuou impossibilitada.

Carros queimados em Mariupol, cidade ucraniana atacada pela Rússia / Anadolu Agency via Getty Images

Vídeos caseiros de Zelensky falados em russo viram arma

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há um mês, o mundo tem acompanhado os desdobramentos de perto. A resistência ucraniana surpreendeu até os seus adversários que, antes mesmo da incursão, diziam que a chamada operação especial militar duraria apenas alguns dias. Diversas linhas de análise observam que houve um grave erro de cálculo por parte de Vladimir Putin, ao subestimar o exército ucraniano mas, acima de tudo, o presidente russo não esperava que teria que encarar uma ameaça a sua altura: a habilidade de comunicação de Volodymyr Zelensky.

Ator e comediante, quando Zelensky foi eleito para comandar a Ucrânia, em 2019, ele já era bastante conhecido. Nascido na antiga União Soviética, seu idioma materno é o russo. Zelensky passou boa parte de sua carreira artística em turnês pela Rússia. Alguns anos antes, em 2015, o atual líder ucraniano se tornou o protagonista de uma série de TV chamada, em tradução livre, “Servo do Povo”.

Vídeos caseiros de Zelensky falados em russo viram arma contra Putin / Reprodução/Redes Sociais

Lourival Sant’Anna: Rússia não tem condições de dominar a Ucrânia, mas tem poder para destruí-la

A guerra entre Rússia e Ucrânia completa um mês nesta quinta-feira (24), momento em que o conflito parece estático, sem grandes feitos de nenhum dos dois lados nos últimos dias. A dificuldade de avanço das tropas russas coloca em risco os objetivos do presidente Vladimir Putin.

 

Para o analista de Internacional da CNN, Lourival Sant’Anna, mesmo que não conquiste o território ucraniano, a Rússia deve causar danos significativos no país. “As tropas russas não têm condições de dominar a Ucrânia, mas têm poder de fogo para destruir a Ucrânia, é isso que eles vão fazer”, afirma.

Relação da Rússia com Ocidente tem ex-espião envenenado, arma química e interferência em eleição

A história mostra que as relações da Rússia e do Ocidente são marcadas por tensões, crises diplomáticas, sanções e incidentes que abalaram a geopolítica do século XXI.

Muitos desses episódios ajudaram a construir o clima cada vez mais tenso e hostil visto até hoje. Mesmo depois da guerra fria, crises continuaram dificultando diálogos entre o Kremlin e o mundo ocidental.

Para Demetrius Pereira, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes, ESPM e doutor em Ciência Política pela USP, houve de fato um momento de boas relações.

“Após a guerra fria, a Rússia foi aderindo a instituições internacionais, como o FMI, Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio, o G7 se transforma em G8, até se aproximando da própria Otan e União Europeia”. Segundo ele, o ponto de virada foi em 2014.

 

Vista do Kremlin, em Moscou / 06/10/2021 Reuters/Evgenia Novozhenina

Fonte: CNN Brasil
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